Segundo
a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma criança é surda quando não percebe os
sons nem mesmo com a ajuda de amplificadores. Dessa forma, as autoras Gonzáles
e Díaz classificam as crianças com déficit auditivo em hipoacústico (são
crianças com audição deficiente, mas com a ajuda de uma prótese auditiva podem
desenvolver uma vida normal) e surdos profundos (crianças que tem perda
auditiva total; as informações não chegam até elas em nível auditivo, embora
tenham uma boa amplificação, por isso as informações são recebidas pelo âmbito
visual).
O
atendimento educacional especializado para pessoas com surdez, tem como objetivo
estabelecer a compreensão e o reconhecimento do potencial e das capacidades individuais,
no processo de ensino-aprendizagem, no qual será de ajuda também no seu desenvolvimento
pleno.
Segundo
o Decreto 5.626, de dezembro de 2005, a pessoa com surdez tem direito a uma
educação que garanta a sua formação, em Língua Brasileira de Sinais e a Língua Portuguesa,
preferencialmente na modalidade escrita, constitua línguas de instituição, e que
o acesso às duas línguas ocorra de forma simultânea no ambiente escolar,
colaborando para o desenvolvimento de todo o processo educativo.
Com
base nesse decreto, podemos dizer que ao elaboramos um Plano de AEE, deve se
levar em consideração as habilidades e as necessidades educacionais específicas
desse aluno com deficiência auditiva e também as dificuldades que o mesmo
encontra no processo de escolarização. Lembrando que o docente da sala regular
e do AEE, devem trabalhar em conjunto para que o aluno venha aprender a
aprender através do processo do bilingüismo, ou seja, as metodologias e os
recursos didáticos utilizados por ambos os professores deverão estar
articulados para que realmente ocorra essa aprendizagem desse aluno.
Podemos
dizer que o aprendizado através do bilingüismo se dá envolvendo dois momentos
didáticos que são: o AEE em Libras, o AEE do ensino de Libras e o AEE de Língua
Portuguesa.
Dessa
forma, as três formas de Atendimento propiciam ao aluno participar das aulas na
sala regular interagindo com o professor e os colegas acerca dos conteúdos trabalhados.
Notamos que essa parceria entre o professor do AEE e da sala regular vem contribuir
na hora de organizar o planejamento, pois irá proporcionar uma organização didática
bem estruturada que contribuirá para aquisição dos conteúdos curriculares, possibilitando
o alunado com surdez estabelecer e ampliar seu conhecimento acerca dos temas
desenvolvidos em Língua Portuguesa e em Libras.
Já o
atendimento educacional especializado de Língua Portuguesa prioriza o ensino da
língua portuguesa escrita para os alunos com surdez, fundamenta-se na concepção
bilíngüe ( Libras e Português escrito), pois a partir do momento em que o aluno
com surdez é matriculado numa sala regular, o professor que irá receber esse
discente deverá usar o bilingüismo para que esse aluno tenha êxito no seu
processo de aprendizagem. Mas para que isso aconteça o professor da sala
regular na prática deverá utilizar recursos como expressão corporal,
contextualização de situações vividas, signos lingüísticos, desenho, escrita de
diferentes gêneros textuais, linguagens lúdicas, etc., mas para que aconteça a
apropriação da escrita, docente da sala regular deve se articular com o professor
do AEE, pois através das suas experiências e suas práticas ambos possam organizar
sua aula para que seu aluno com surdez desenvolva competência lingüística, sendo
capaz de ler e escrever em língua portuguesa.
A
comunidade escolar no primeiro momento deve estar ciente das dificuldades desses
alunos para em conjunto buscar soluções para que ocorra o processo de
socialização deste público, como a conscientização e capacitação dos
funcionários proporcionando um bom relacionamento entre ambos.
No
processo de inclusão escolar não deve ser trabalhado apenas a socialização, mas
também o processo cognitivo do aluno, que recai na prática do professor, pois o
mesmo deve se adaptar e aperfeiçoar as suas técnicas (prática e avaliação) e
buscar recursos e materiais diversificados para que o aluno se desenvolva no
processo de aprendizagem, entretanto, para que isso aconteça o docente deve ter
o compromisso técnico e político com vista a atender este novo público. E o
professor da sala de recursos multifuncional deve promover a acessibilidade dos
alunos com surdez trabalhando o conhecimento escolar em duas línguas (LIBRAS e
Língua portuguesa), facilitando a participação ativa e o desenvolvimento do seu
potencial cognitivo, afetivo, social e lingüístico com os demais alunos da sala
regular. Dessa forma, os professores (o da sala regular e o da AEE) devem
trabalhar em conjunto para que ocorra êxito no processo ensino-aprendizagem do
aluno.
Referências
BRASIL.
A educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar: abordagem
bilíngüe
na escolarização de pessoas com surdez. Secretaria de Educação Especial -
MEC/SEESP,
2010.
________.
Resolução Nº 4, de 2 de outro de 2009. Institui as Diretrizes
Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica,
na modalidade Educação Especial. CNE/CEB, 2009.
GONZÁLEZ,
Eugenio e DÍAZ, Juana Molares. Deficiência Auditiva: Avaliação e
Intervenção.In:
GONZÁLEZ, Eugênio. Necessidades educacionais especiais. Tradução:
Dais
Vaz de Moraes. Porto Alegre: Artmed, 2007.