segunda-feira, 17 de março de 2014

Atendimento Educacional Especializado para Pessoa com Surdez.

                           Atendimento Educacional Especializado para Pessoa com Surdez.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma criança é surda quando não percebe os sons nem mesmo com a ajuda de amplificadores. Dessa forma, as autoras Gonzáles e Díaz classificam as crianças com déficit auditivo em hipoacústico (são crianças com audição deficiente, mas com a ajuda de uma prótese auditiva podem desenvolver uma vida normal) e surdos profundos (crianças que tem perda auditiva total; as informações não chegam até elas em nível auditivo, embora tenham uma boa amplificação, por isso as informações são recebidas pelo âmbito visual).

O atendimento educacional especializado para pessoas com surdez, tem como objetivo estabelecer a compreensão e o reconhecimento do potencial e das capacidades individuais, no processo de ensino-aprendizagem, no qual será de ajuda também no seu desenvolvimento pleno.

Segundo o Decreto 5.626, de dezembro de 2005, a pessoa com surdez tem direito a uma educação que garanta a sua formação, em Língua Brasileira de Sinais e a Língua Portuguesa, preferencialmente na modalidade escrita, constitua línguas de instituição, e que o acesso às duas línguas ocorra de forma simultânea no ambiente escolar, colaborando para o desenvolvimento de todo o processo educativo.

Com base nesse decreto, podemos dizer que ao elaboramos um Plano de AEE, deve se levar em consideração as habilidades e as necessidades educacionais específicas desse aluno com deficiência auditiva e também as dificuldades que o mesmo encontra no processo de escolarização. Lembrando que o docente da sala regular e do AEE, devem trabalhar em conjunto para que o aluno venha aprender a aprender através do processo do bilingüismo, ou seja, as metodologias e os recursos didáticos utilizados por ambos os professores deverão estar articulados para que realmente ocorra essa aprendizagem desse aluno.

Podemos dizer que o aprendizado através do bilingüismo se dá envolvendo dois momentos didáticos que são: o AEE em Libras, o AEE do ensino de Libras e o AEE de Língua Portuguesa.

Dessa forma, as três formas de Atendimento propiciam ao aluno participar das aulas na sala regular interagindo com o professor e os colegas acerca dos conteúdos trabalhados. Notamos que essa parceria entre o professor do AEE e da sala regular vem contribuir na hora de organizar o planejamento, pois irá proporcionar uma organização didática bem estruturada que contribuirá para aquisição dos conteúdos curriculares, possibilitando o alunado com surdez estabelecer e ampliar seu conhecimento acerca dos temas desenvolvidos em Língua Portuguesa e em Libras.

Já o atendimento educacional especializado de Língua Portuguesa prioriza o ensino da língua portuguesa escrita para os alunos com surdez, fundamenta-se na concepção bilíngüe ( Libras e Português escrito), pois a partir do momento em que o aluno com surdez é matriculado numa sala regular, o professor que irá receber esse discente deverá usar o bilingüismo para que esse aluno tenha êxito no seu processo de aprendizagem. Mas para que isso aconteça o professor da sala regular na prática deverá utilizar recursos como expressão corporal, contextualização de situações vividas, signos lingüísticos, desenho, escrita de diferentes gêneros textuais, linguagens lúdicas, etc., mas para que aconteça a apropriação da escrita, docente da sala regular deve se articular com o professor do AEE, pois através das suas experiências e suas práticas ambos possam organizar sua aula para que seu aluno com surdez desenvolva competência lingüística, sendo capaz de ler e escrever em língua portuguesa.

A comunidade escolar no primeiro momento deve estar ciente das dificuldades desses alunos para em conjunto buscar soluções para que ocorra o processo de socialização deste público, como a conscientização e capacitação dos funcionários proporcionando um bom relacionamento entre ambos.

No processo de inclusão escolar não deve ser trabalhado apenas a socialização, mas também o processo cognitivo do aluno, que recai na prática do professor, pois o mesmo deve se adaptar e aperfeiçoar as suas técnicas (prática e avaliação) e buscar recursos e materiais diversificados para que o aluno se desenvolva no processo de aprendizagem, entretanto, para que isso aconteça o docente deve ter o compromisso técnico e político com vista a atender este novo público. E o professor da sala de recursos multifuncional deve promover a acessibilidade dos alunos com surdez trabalhando o conhecimento escolar em duas línguas (LIBRAS e Língua portuguesa), facilitando a participação ativa e o desenvolvimento do seu potencial cognitivo, afetivo, social e lingüístico com os demais alunos da sala regular. Dessa forma, os professores (o da sala regular e o da AEE) devem trabalhar em conjunto para que ocorra êxito no processo ensino-aprendizagem do aluno.

Referências

BRASIL. A educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar: abordagem

bilíngüe na escolarização de pessoas com surdez. Secretaria de Educação Especial -

MEC/SEESP, 2010.

________. Resolução Nº 4, de 2 de outro de 2009. Institui as Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica, na modalidade Educação Especial. CNE/CEB, 2009.

GONZÁLEZ, Eugenio e DÍAZ, Juana Molares. Deficiência Auditiva: Avaliação e

Intervenção.In: GONZÁLEZ, Eugênio. Necessidades educacionais especiais. Tradução:

Dais Vaz de Moraes. Porto Alegre: Artmed, 2007.