sexta-feira, 30 de agosto de 2013
Tecnologia Assistiva
No Brasil, o Comitê de Ajudas Técnicas - CAT, instituído pela PORTARIA N° 142, DE 16 DE NOVEMBRO DE 2006 propõe o seguinte conceito para a tecnologia assistiva: "Tecnologia Assistiva é uma área do conhecimento, de característica interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social" (ATA VII - Comitê de Ajudas Técnicas (CAT) - Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência (CORDE) - Secretaria Especial dos Direitos Humanos - Presidência da República). Tecnologia Assistiva é um termo ainda novo, utilizado para identificar todo o arsenal de Recursos e Serviços que contribuem para proporcionar ou ampliar habilidades funcionais de pessoas com deficiência e consequentemente promover Vida Independente e Inclusão. É também definida como "uma ampla gama de equipamentos, serviços, estratégias e práticas concebidas e aplicadas para minorar os problemas encontrados pelos indivíduos com deficiências" (Cook e Hussey • Assistive Technologies: Principles and Practices • Mosby – Year Book, Inc., 1995). Podem variar de uma simples bengala a um complexo sistema computadorizado. Estão incluídos brinquedos e roupas adaptadas, computadores, softwares e hardwares especiais, que contemplam questões de acessibilidade, dispositivos para adequação da postura sentada, recursos para mobilidade manual e elétrica, equipamentos de comunicação alternativa, chaves e acionadores especiais, aparelhos de escuta assistida, auxílios visuais, materiais protéticos e milhares de outros itens confeccionados ou disponíveis comercialmente. Podemos utilizar desses recursos para que nossos educandos conquiste sua autonomia e independência no cotidiano de sua rotina na sociedade de um modo geral.
quarta-feira, 21 de agosto de 2013
A Pena de Forrest Gump
- Vó?
- Oi?
- Ontem eu vi de novo aquele filme que você gosta.
- Qual, minha querida? (como se não houvesse muitos filmes que a Vovó amava).
- Aquele daquele homem que é meio bobo e fica contando histórias no ponto de ônibus...
- Ah, sei... Forrest Gump...
- Isso.
- E você gostou do filme?
- Gostei, mas não entendi uma coisa...
- O que?
- Quando começa o filme, tem uma
pena voando, que voa, voa, e cai no colo do Forrest Gump.
Ele guarda "ela” no livro e começa a contar a história para um monte de gente.
- Exato.
- Então, no final, ele abre o livro e ela sai voando outra vez.
Para que serve essa pena, heim, Vovó?
- Bem, pituquinha, ele explica isso no final. Talvez você não tenha percebido.
- Acho que não.
- Forrest Gump não é uma pessoa igual às outras: ele tem uma inteligência limítrofe.
Não fale que ele é meio bobo que isso é muito feio.
Ele tem uma inteligência de uma criança de cinco anos, por isso tem dificuldade de entender as coisas como às outras pessoas.
Ë um homem grande com a cabeça de uma criança, não é meio bobo ou retardado, ta bom?
- Ta.
- Você quer saber por que a pena começa o filme voando até pousar no colo do Forrest Gump, e depois sai voando de novo, não é?
- Isso.
- Então..., no final do filme, ele conta que na sua vida houve duas pessoas que o influenciaram muito: uma foi a sua mãe, o outro, seu amigo que ele conheceu na guerra do Vietnã, que é o tenente Dan.
A mãe ensinou para ele que ter uma deficiência não é desculpa para desistir da vida.
Ela se recusou a colocá-lo em uma escola para deficientes, e sempre empurrou o filho para frente, sempre o ensinou a não se conformar com as suas próprias limitações.
Forrest foi para a escola, estudou, teve um problema na coluna que o obrigou a usar aquele aparelho horrível, você se lembra?
- Lembro sim.
- Tem uma cena que a Vovó gosta demais nesse filme, que é aquela em que os meninos valentões correm atrás dele numa caminhonete.
Eles querem zoar com ele e até machucá-lo, e a sua amiguinha grita para o menino:
Corra Forrest, corra!
E ele sai correndo, de aparelho e tudo, a caminhonete atrás dele, os meninos
gritando...,à medida que ele corria, o aparelho vai caindo, pedaço por pedaço, e quanto mais ele se livrava do aparelho ortopédico, mais rápido ele conseguia correr, mais ele deslanchava, até entrar correndo em um campo gramado e sumir ao longe, deixando para trás os seus perseguidores...
- Vó?
- Oi?
- Você está chorando?
- Não,..., não querida, é que a vovó esqueceu-se de pingar o colírio (falou isso enquanto enxugava furtivamente algumas lágrimas).
- Por que você gosta tanto dessa cena, Vovó?
- Porque Vovó acha essa cena muito emocionante, muito alegórica.
- Alê o que?
Riu-se, gostosamente.
- Alegórica. Quer dizer que ela tem um significado maior do que está na tela.
- Qual o significado?
- Na vida, a gente fica tentando endireitar tudo, minha querida, e às vezes temos que passar muito, muito medo para podermos nos livrar de nossos aparelhos, de nossas muletas.
Forrest descobre que já está pronto, que pode correr como ninguém,como ninguém, e mais longe do que qualquer menino valentão e bobo que se acha grande coisa ...
Olhou para a neta, que a olhava fixamente.
- Desculpe querida, acho que me empolguei um pouco.
- Vó?
- Oi?
- É para isso que temos medo?
- Acho que sim.
- Temos medo para tirar as muletas?
- E os aparelhos. E ir para frente.
- Legal. Vó?
- Fala.
- E a pena?
- É mesmo, já ía me esquecendo... Então, eu falei que a mãe de Forrest Gump o ensinou a nunca sentar sobre seus problemas, a nunca se intimidar com as suas dificuldades.
Ela ensinou para ele que, na vida, Deus dá uma série de cartas para a gente jogar o jogo, e temos que aproveitar as nossas cartas do melhor jeito possível.
- E a pena?
- Já vai, já vai... A outra pessoa importante na vida de Forrest Gump é seu amigo, tenente Dan.
Juntos, eles foram para a guerra, tiveram um pesqueiro, montaram uma empresa e ficaram muito ricos.
E o tenente Dan ensinou que na vida, a gente é como uma peninha levada pelo vento, de um lado para outro, e nunca tem como descobrir para onde vai o sopro de Deus..., nunca a gente sabe para que lado vai a pena.
Fez um silêncio grave.
- Como assim?
- Quando você crescer vai perceber como nosso destino é caprichoso, meu bem.
Um dia estamos aqui, outro dia estamos lá, como se tivesse um gozador assoprando a vida para lá e para cá, para lá e para cá.
(Fez um movimento com a mão, simulando a pena indo e voltando.
(A menina acompanhou o movimento com os olhos).
- Quer dizer que a gente não sabe para onde vai essa pena?
Trouxe-a para mais perto.
- A gente não sabe... Mas sabe, quando a gente chega na idade que chegou a Vovó aqui, podemos perceber os caminhos misteriosos que a pena toma no ar, até pousar, segura, no colo de Deus.
Mas isso a gente só descobre depois de passar muito tempo tentando adivinhar:
Qual a direção do vento?
Qual a umidade relativa do ar?
Qual o peso da pena?
Como o Caos vai comandar a direção que a pena vai tomar?
Coçou a cabeça, em seu gesto característico.
- Vó?
- Oi?
- O que acontece quando a gente pára de tentar adivinhar para onde vai essa pena?
- A gente se deixa levar pelo vento, minha querida.
- Quer dizer que você dá razão para a mãe e para o amigo do Forrest?
Olhou com uma agradável sensação de surpresa.
- Isso mesmo! Como você é esperta! Eu dou, mesmo, razão para os dois.
A gente joga da melhor forma que puder, com o máximo de empenho, mas também respeita as linhas do vento. Gostou?
- Gostei, gostei muito... Sabe Vó, é tão bom ter você... será que um dia esse vento vai te levar para longe de mim?
Estremeceu ligeiramente.
- Não, meu bem... Por mais longe que vão nossas penas, nosso coração vai estar sempre perto um do outro, ta bom?
- Ta bom.
Ficaram num silêncio de fim de conversa.
- Eu vou brincar um pouco, ta?
- Isso, vai brincar de Forrest Gump.
- Vou correr até cansar.
- Isso. Vai mesmo.
Mal conseguiu disfarçar a voz embargada de lágrimas.
Marco Antonio Spinelli
Psiquiatra e Psicoterapeuta
Fonte: http://autismovivenciasautisticas
sexta-feira, 2 de agosto de 2013
AEE Ivone Fechamento
Sabemos da responsabilidade que temos ao assumir uma sala de Recurso Multifuncional, trabalhando com alunos com deficiência aprendi que é muito importante estarmos estudando e nos aperfeiçoando a respeito do nosso papel de professores do AEE. Piaget afirma que a inteligência se constrói mediante a troca entre o organismo e o meio, mecanismo pelo qual se dá a formação das estruturas cognitivas “o organismo com sua bagagem hereditária, em contato com o meio, perturba-se, desiquilibra-se e, para superar esse desequilíbrio e se adaptar, constrói novos esquemas”.O AEE estuda diferentes possibilidades acerca de cada atendimento especializado e suas deficiências com oscilações e ritmos diferentes na construção da aprendizagem de cada inteligência do aluno atendido e suas potencialidades e os recursos que esse aluno dispõe, para que suas possibilidades intelectuais e de adaptação ao meio sejam aumentadas.Torna-se necessário então que o professor do AEE, além da participação no cotidiano desse aluno o torne capaz de ter uma convivência positiva na comunidade escolar onde está inserido com o objetivo principal seu desenvolvimento integral, o acesso à informação e ao conhecimento.Não podemos simplesmente inserir um aluno deficiente no contexto de sala de aula, precisamos adaptar os objetivos propostos e atividades diferenciadas, com maior tempo para que sejam realizadas e requer modificação de atitude e toda estrutura dos ambientes os quais vão receber esse aluno. A unidade escolar deve se estruturar para que todos tenham flexibilidade, tolerância, e compreensão das necessidades emocionais com provisão de adaptação do currículo para atender as necessidades especificas de cada um.Nesta abordagem de mediação ao aprendizado o trabalho do AEE é transdisciplinar: com o professor regente, a família e a equipe de suporte, avaliando as necessidades especifica, e sugerindo ajudas adaptações e recursos que facilitam o processo de interação, comunicação e aprendizagem desse aluno com deficiência.O estudo de caso é essencial para que AEE possa adequar o procedimento metodológico baseado nas experiências concretas e da vivência do cotidiano consiga priorizar atividades que leve esse aluno a construção do conhecimento de forma prazerosa e de interação no contexto escolar.O plano do AEE tem como objetivo possibilitar a participação do aluno nas atividades pedagógicas e recreativas coletivamente. Criar uma rede de apoio entre: professo da escola comum, equipe escolar, família e alunos da turma, desenvolver a autonomia do aluno através do uso da comunicação alternativa e tecnologia assistiva, viabilizar a acessibilidade curricular através da adequação de materiais adaptação de atividades e parceria entre professor de AEE e sala comum.
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